quarta-feira, 4 de março de 2009

Roma bella

Algumas partilhas de Roma.
A minha solidariedade com o Mário e esta nova aventura.
Coragem para os que ficam. Criatividade para viver as distâncias é o que desejo.
Por aqui continuo à toa. As perguntas são muitas e sérias. As respostas não tantas. Esta semana tenho andado feliz, naquela sensação de não, não sou o único! Finalmente encontrei alguns autores que se fazem as mesmas perguntas que eu. E que vão procurando respostas.
Se calhar vocês entendem bem essa sensação de trazer algo importante cá dentro e que ninguém parece reconhecer.
Que notícias? Fizemos um retiro de um dia no sábado passado. Muito bom.
Não sei como está a ser a vossa quaresma. Nesta altura, com uma semana já andada, espero que todos já tenham tomado as suas decisões estratégicas.
Uma das que tomei foi partilhar algumas reflexões e uma pequena oração a partir do Evangelho de cada dia da Quaresma. Podem ir acompanhando cada dia aqui.

NOutro dia, ao passar no corredor, reparei numa etiqueta, na porta de um dos meus vizinhos: Voglio studiare, per essere utile alla mia gente. Quero estudar para ser útil à minha gente.
Sem querer dar-vos sermões, agora que voltei a partilhar convosco a condição de estudante, digo-vos que me fez impressão.
Às vezes não pensamos nas motivações pelas quais andamos na escola. Andamos, porque é suposto andarmos. É quase natural. Imagina-se que tem que ver com a nossa caminhada para nos tornarmos adultos. E nessa lógica, um bocado adolescencial (estilo liceu) lamentamo-nos dos professores, fazemos a gestão mínima (o máximo de notas com o mínimo de esforço).
E se calhar não articulamos o nosso estar na escola com o projecto de vida que temos (já temos?), com a dimensão "económica" (quanto custa a mim, à minha família, em euros; quanto esforço meto; o que espero receber...), com a dimensão "política" (em termos de sociedade, de relação com os outros... que espero conseguir com os estudos).
Claro que eu acho que sou muito "bom", muito empenhado em estudar problemas que considero importantes para mim e para a Igreja: estudo a sério, tento não perder tempo, procuro um confronto sério de ideias e uma abordagem científica aos problemas.
Mas quando vejo alguns dos meus colegas, vindos um pouco de todo mundo, vindos de muito mais longe do que eu (e o longe não são só os quilómetros; são as experiências de vida) e que põem toda a "alma" nisto. Eu "queixo-me" dos custos de aqui estar, mas sinto isto como europeu de portugal (que temos um governo da treta e uma economia da tanga!); mas para quem vem de "longe" os custos são muito mais impactantes.
Os dados são estes. Acho que, em maior ou menor grau, todos os sentimos.
A pergunta, o desafio, o empenho (que pode começar por ser quaresmal) é: que fazemos com a possibilidade-responsabilidade de estudar.
Queria deixar o testemunho mas queria também que se lançasse o diálogo e a partilha de experiências e de perguntas. O que me/te motiva a estudar? O que tenho de "pagar"? O que espero conseguir?

5 comentários:

Sílvio disse...

excelente texto rui, com algumas perguntas que já andaram na minha cabeça. sempre ao teu estilo atento.

Joana disse...

Gostei mt das perguntas que me propuseste...realmente as respostas as vezes n sao tantas como gostariamos mas...acho que estudo pelas melhores razoes...
Smp quis ajudar os outros e a maneira de o fazer que sempre desejei foi através da medicina...estudo n pra ser a melhor nas notas mas pra ser uma amiga pros meus pacintes.

O meu prof de Clínica diz que o cérebro fixa na memória os contornos da face...só quero ser uma médica que, ao contrário de mts, reconheça uma face e a associe a um nome e não ao doente nº45 do dia e espero k eles associem a minha face a uma memória feliz, em que alguém lhe deu a atenção que mereciam.

Espero ser assim tb no centro, na catequese...uma amiga

bj

PS:sei que não tenho jeito pra estas coisas das palavras. Escrevi o que senti e pronto =)

BB3 disse...

Realmente boas questões. joana, não sei se já viste o filme Patch Adams. Se não o viste, aconselho-te vivamente a ver. Lendo o k escreveste acho k tem td a ver ctg. Se kiseres posso emprestar-te...

Maf's disse...

Olá Rui, ainda bem que tudo vai andando.
Eu estudo para poder ter um futuro melhor, embora não goste nada de estudar e como sabem, tenho disciplinas que acho que não irei utilizar na minha vida profissional, mas pronto, tenho de estudar e aprender isso todo, para poder seguir aquilo que quero.

ruisdb disse...

uau! 4 coment num instante.
Deixem-me só acrescentar uma coisinha que me passou no post original. Se calhar a diferença entre o meu vizinho (Quero estudar para ser útil à minha gente) e nós é que ele (e tanta gente que por aqui anda e mais outros tantos que andam por este mundo espalhados) tem uma consciência da urgência do estudo e do impacto positivo que ele terá no seu contexto. A Joana explicou bem o que a motiva penso que de uma maneira todos nos revemos um pouco no que ela disse.
Mas se calhar o nosso contexto facilitado (com esta crise e com o desgoverno em que estamos, não sei durante quanto tempo) leva-nos a viver estas coisas com uma grande descontracção e porreirismo. O que vai adiando o nosso "fazer a diferença".
Se calhar não sentimos tanto a pressão porque podemos não escolher; vamos indo, de acordo com as expectativas que outros (pais, grupo, sociedade) têm sobre nós. Adiamos a nossa entrada em cena, em termos do que queremos fazer. Não é ter este curso ou aquele, este emprego ou outro. É não termos nada parecido ao "ser útil à minha gente". Exagero um bocado, bem sei.
Mas será que ainda acreditamos que somos decisivos para outros? Qque o que fazemos-somos é uma questão de vida ou de morte para outros?
Não falo do sonho que tive em ser astronauta ou ganhar o Nobel. A tal urgência de vida ou de morte pode passar por coisas muito menos "públicas". Mas mesmo assim essenciais para outros. Porque fizeram a diferença. Porque deixaram marca