Como medimos o valor das coisas importantes da vida?
Com microscópios, balanças? Imagino que não.
A que propósito vem isto?
Já repararam que tendemos (nós também, em maior ou menor grau, pois somos todos filhos deste ambiente que nos rodeia) a valorizar acima de tudo aquilo que é intenso? Uma sensação, uma relação, um sabor... tudo tende a ser apreciado pela sua capacidade de produzir efeitos fortes.
O estudo vale na medida em que gosto ou não gosto; não na medida em que me será útil ou é verdadeiro.
Uma relação de amor vale pela intensidade do que "sinto", do arrepio na espinha.
O carro que compras vale pela quantidade de sorrisos invejosos que arrancas aos teus amigos (?) no dia em que o compras.
Mesmo a nossa experiência de fé tende a ser "medida" por essa capacidade de produzir efeitos de pico.
Terá isso sentido? Será sábio escolher e organizar a vida em função dessa intensidade do instante?
É claro que há outros modos de valorizar. Outras pessoas e culturas valorizam acima de tudo a qualidade de duração.
Uma relação de amor vale pela sua qualidade, pela sua capacidade de vencer a entropia, pela sua duração contra as dificuldades.
Os projectos que se fazem valem pela sua duração e pelo seu impacto e não pela sensação momentânea que provocam.
Ter um filho vale porque "criar" um outro ser humano, na sua liberdade, dar-lhe asas para voar e escolher e ser... vale mais do que as dores do parto, o rombo no orçamento ou o ficar limitado nos horários.
A fé vale pela entrega total à pessoa e à causa de Jesus de Nazaré. E a entrega é total quando abraça todas as tuas dimensões. Também o tempo e a duração.
Acho significativo que nos casamentos a aliança de amor que se estabelece entre os esposos seja simbolizada com anéis de ouro. Sem jóias, sem acrescentos. Porque o ouro mantém o seu brilho mesmo apesar da passagem do tempo. Não há ferrugem que lhe entre. Com peso e densidade.
Claro que ao dizer isto, não pretendo impor nada a ninguém. Cada um escolhe com liberdade o que faz da sua vida. Mas gostaria que alguém fosse honesto e se casasse com anéis feitos de plástico biodegradável.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário